Viajar é Investir Tempo
Texto: MONICA MORAS Fotos: EDUARDO VIERO
O que eu mais amo nessa minha viagem que já passou dos 3 anos é ficar mais. Sim, gastar mais tempo nos lugares, dar mais tempo para conhecer as coisas e as pessoas, porque perder tempo não significa necessariamente uma coisa ruim. Talvez a gente devesse mudar para investir tempo, porque ele não volta, mas o que o retorno é tão ou mais valioso.
Eu sou do tipo de viajante introvertida, gosto do meu silêncio, de estar no meu canto, mas eu também gosto de estar com gente que quer estar comigo. E na maioria das vezes eles são locais ou viajantes de longo prazo, porque eles também tem tempo para investir. Isso faz as relações, as conexões terem mais sentido, mais importância e faz a gente sentir que está vivendo. E quem aqui não gosta de se sentir vivo?
Viajar é investir tempo
É claro que faço checklist de coisas para conhecer nos lugares, é claro que eu visito tudo rápido e mostro aqui no blog que é possível ver o máximo gastando o mínimo, porque a graça da coisa toda está fora do checklist das atrações turísticas. Ela está no inesperado, na conversa despretensiosa com o atendente da padaria, no sorriso sincero do porteiro do Airbnb e até naquela conversa com a senhorinha no ponto no ônibus. Quantas lições de vida eu aprendi nesses 5 minutos de conversa com pessoas que eu sequer sei o nome ou lembro o rosto enquanto esperava o trem na minha cidade... É por isso que eu digo: invista tempo, permita-se dar tempo ao que merece. Viajar custa mais do que dinheiro, custa tempo.
Viajar custa mais do que dinheiro, custa tempo.
O mundo anda um lugar meio perigoso de ser explorado, mas confiar no meu instinto e ter uma atitude positiva diante da vida me ajuda bastante a ter coragem de seguir em frente, investir meu tempo e criar as minhas próprias memórias. Meu objetivo de vida? Olhar para trás e ter orgulho de tudo que eu fiz, porque até quando tudo deu errado eu aprendi alguma coisa. E, pasme, não foram poucas vezes!
Carrego comigo alguns ensinamentos que ajudam bastante na hora que bate a tristeza e parece que tudo é uma grande perda de tempo:
“Caixão não tem gaveta”, dito e repetido pela mãe a vida toda e que me ajuda a desapegar;
“Um ano não é nada numa vida”, dito pelo Eduardo quando decidimos viajar pra ajudar a entender que se tudo desse errado, a gente ia dar um jeito de seguir em frente;
“O tempo vai passar de qualquer jeito”, dito por uma nova amiga numa mesa de bar quando eu tive dúvidas já durante a viagem;
“Que tipo de histórias eu quero contar quando tiver 80 anos?”, lido num livro, e eu nem sei se vou chegar nos 80, eu não sei como vão ser meus próximos 5 anos, mas eu tenho certeza que eu quero ter muita história pra contar até onde a vida me deixar ir.
“Só tem que chorar a morte quem morreu sem ter vivido”, do filme Quincas Berros d’Agua baseado na obra do Jorge Amado. Recomendo pra dar umas boas risadas.
“Dinheiro eu não tenho, mas tenho tempo”, meu mantra nessa viagem e que me ajudou muito a ter essa atitude de me permitir investir mais tempo nos lugares, nas pessoas e em mim.