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Como é a Avaliação Nacional de Vinhos: A Maior do Mundo

Texto:MONICA MORAS @monicamoras Fotos: EDUARDO VIERO @eduviero

Participamos da 27ª Avaliação Nacional de Vinhos, a maior degustação de vinhos de uma safra que acontece no mundo. E foi dia 28 de setembro, aqui em Bento Gonçalves, da serra gaúcha. Mal pude acreditar quando soube do evento, e mais ainda quando a ABE, a Associação Brasileira de Enologia, nos convidou para ir. Rodamos o mundo inteiro para participar de um evento desse porte “do lado” de casa. 

COMO É A AVALIAÇÃO NACIONAL DE VINHOS

A Avaliação Nacional de Vinhos é um evento único no mundo, a maior degustação de vinhos de uma safra. São 1000 pessoas juntas, de diferentes países, degustando 16 amostras selecionadas de vinho da safra brasileira daquele ano. Nós fizemos parte desses mil, e eu ainda me arrepio de pensar que participei de um evento tão importante quanto esse, ao lado de enólogos, sommeliers e jornalistas de vários estados do Brasil e de fora, como Chile, França, Itália, Uruguai, Espanha e Estados Unidos. 

Logo na chegada, já recebemos uma sacola com o nosso kit. Além do crachá numerado com a cadeira que sentaríamos, recebemos tuas taças de cristal, uma de vinho e outra de espumante, e uma pasta com as tabelas de avaliações. Nossa missão era degustar o vinho e avaliá-lo. Em seguida, algum dos 16 comentaristas, todos conhecedores de vinho, fazia a avaliação pública daquela amostra. Entre eles estava a Alexandra Aranovich, do blog Café Viagem, que também é sommelier. 

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Talvez o momento mais tenso seja logo no começo da Avaliação Nacional de Vinhos, pois a mesa dos comentaristas é composta por enólogos, sommeliers, enófilos (amantes do vinho) e jornalistas especialistas em vinhos de diversos países. São 15 escolhidos pela ABE, a Associação Brasileira de Enologia, e mais 1 sorteado no dia para compor a mesa. Foi a primeira vez na vida que torcemos para não sermos sorteados para alguma coisa. Por mais que gostemos de vinhos, e estamos aprendendo um pouco a cada subida para a serra, ainda corre um arrepio só de pensar em ter que fazer uma avaliação em frente a tanta gente entendedora do negócio. 

Na mesa havia água (reposta quantas vezes fosse necessário), bolacha de água e sal e um baldinho para descarte do vinho. Eu curto vinho e não curto ficar descartando. Mas fui obrigada algumas vezes, já que eram 16 amostras e eu precisava manter a sanidade para fazer a avaliação. Degustamos amostras dos vinhos mais representativos nas categorias 3 brancos finos secos não aromáticos, 2 brancos finos secos aromáticos, 3 vinhos base para espumante, 7 tintos finos secos, 1 tinto fino seco jovem, todos de vinícolas nacionais. 

Todas as amostras foram às cegas, sem saber de qual vinícola era. Mas sabíamos detalhes que eram apresentados nos telões. E quem serviu foram os 90 estudantes de Viticultura e Enologia, que quando era anunciado o número da amostra, entravam no salão quase como numa coreografia ensaiada. Era lindo de ver! 

AS AMOSTRAS DA AVALIAÇÃO NACIONAL DE VINHOS

 Na 27ª Avaliação Nacional de Vinhos, foram pré-avaliadas 337 amostras de 47 vinícolas de oito regiões produtoras: Sul de Minas (MG), Leste de São Paulo (SP), Vale do São Francisco (BA), Planalto Catarinense (SC), Serra Gaúcha (RS), Campanha (RS), Serra do Sudeste (RS) e Campos de Cima da Serra (RS).

Foram 120 enólogos avaliando as amostras ao longo de 8 dias. Todas às cegas, no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho. Tudo foi registrado conforme as regras internacionais. 

É feita uma média de notas, e em caso de empate, existem critérios de desempate. Do total de 337 amostras inscritas, foram selecionadas, então, 16 para irem para o evento. 

Foram elas: 

CATEGORIA VINHO BASE ESPUMANTE

  • Chardonnay: Vinícola Salton – Bento Gonçalves (RS)

  • Chardonnay: Domno do Brasil – Garibaldi (RS)

  • Chardonnay / Pinot Noir: Chandon do Brasil – Garibaldi (RS)

CATEGORIA BRANCO FINO SECO NÃO AROMÁTICO

  • Verdejo: Vinícola Terranova – Casa Nova (BA)

  • Chardonnay: Casa Valduga – Bento Gonçalves (RS)

  • Chardonnay: Vinícola Almadén – Santana do Livramento (RS)

  • CATEGORIA BRANCO FINO SECO AROMÁTICO

  • Sauvignon Blanc: Vinícola Campestre – Campestre da Serra (RS)

  • Moscato Giallo: Sociedade de Bebidas Panizzon – Flores da Cunha (RS)

CATEGORIA VINHO TINTO FINO SECO JOVEM

  • Merlot: Guatambu – Dom Pedrito (RS)

CATEGORIA TINTO FINO SECO

  • Merlot: Casa Perini – Farroupilha (RS)

  • Cabernet Franc: Estabelecimento Vinícola Valmarino – Pinto Bandeira (RS)

  • Ancellotta: Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança – Flores da Cunha (RS)

  • Tannat: Família Bebber – Flores da Cunha (RS)

  • Merlot: Vinícola Miolo – Bento Gonçalves (RS)

  • Alicante Bouschet: Cooperativa Vinícola Aurora – Bento Gonçalves (RS)

  • Tannat: Vinícola Don Guerino – Alto Feliz (RS)

ALÉM DA DEGUSTAÇÃO

Durante o evento ainda aconteceu a homenagem a pessoas reconhecidas por contribuírem com a promoção do vinho nacional. Na 27ª Avaliação Nacional de Vinhos, a turismóloga e autora do blog Viajante Maduro, Ivane Fávero recebeu o troféu Vitis Amigo do Vinho Brasileiro. E o enólogo Lucindo Copat recebeu o troféu Destaque Enológico.

Depois de finalizadas as degustações e revelação das amostras ao público, foi servido um almoço, desta vez também com espumante. Uma delícia de dia. 

COMO PARTICIPAR DA AVALIAÇÃO NACIONAL DE VINHOS

A parte mais difícil é participar da Avaliação Nacional de Vinhos, porque as inscrições esgotam em cerca de 40 minutos. A ansiedade do pessoal é tanta, que os lotes são liberados a cada intervalo curto espaço de tempo para que o sistema não caia com todo mundo tentando se inscrever ao mesmo tempo. 

É essencial que você fique atento à data de inscrição. Geralmente ela é anunciada com antecedência no site da ABE e nas redes sociais. 

A NOSSA PARTICIPAÇÃO

Fomos convidados pela ABE, a Associação Brasileira de Enologia. Fica aqui registrado o nosso agradecimento, porque foi uma honra fazer parte desse time pequeno de pessoas que puderam participar. Não somos entendedores de vinho, mas curtimos um bom vinho. Temos aprendido bastante nos últimos meses com a ida nas vinícolas e é um mundo muito interessante de se aprender. Eu adorei! Fez valer a pena estar de volta no Brasil!

Mesmo que você seja da turma do “seu vinho, suas regras” (assista o vídeo da IBRAVIN, é maravilhoso!), com certeza vale muito a pena participar da avaliação nacional. É único no mundo e acontece aqui em casa, no Brasil mesmo! 

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