Fotografia de Viagem e o Instagram

Texto: Mônica Morás | @monicamoras Fotos: Eduardo Viero | @eduviero e Mônica Morás

Não dá pra negar que o Instagram virou uma terra dos sonhos. Vemos nossos ídolos viajando para lugares fantásticos, vivenciando momentos únicos, sempre sorrindo e registrando tudo de forma que nos faz querer marcar o voo para amanhã mesmo. Só que assim como nós, várias outras pessoas ficam com a mesma vontade e pronto: aquele lugar lindo e exclusivo passa a ser destino-desejo de milhares de turistas. Vale para praia, montanha, hotel e até restaurante!

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Foto na cafeteria bonita: DONE

Foto na cafeteria bonita: DONE

O exemplo mais recente foi o Lago Wanaka, na Nova Zelândia. O país investiu em digital influencers do Instagram para visitar a região e divulgá-la e viu um aumento rápido de 14% no turismo. Mas quando se trata de viajar de fato, a história fica bem diferente.

Seguimos uma rotina normal, com insatisfações a serem superadas e tentando ser exclusivos, sem perceber que essa tentativa de ser diferente é justamente o que nos iguala à maioria. Quem não quer se destacar? Todos queremos! Isso não é errado, mas está ultrapassando limites.

Assim como o Instagram é bom para descobrir novos lugares, ele também abre portas para superlotação, problemas ambientais e acrobacias perigosas para conseguir a melhor foto. Acidentes graves estão aumentando cada vez mais as estatísticas. Queremos ser a pessoa comum fazendo coisas incomuns. Queremos ir para lugares como aquele retratado, exclusivo, sem hordas de turistas, esquecendo que nós mesmos fazemos parte dela. Assim como não gostamos deles, eles não gostam de nós.

É difícil ser turista e evitar outros turistas. Não existe mais lugar turístico completamente vazio, exclusivo. Não existe sequer mais o melhor horário para visitar as atrações. Essa informação é compartilhada rapidamente, inclusive no Instagram, e uma grande parte das pessoas acabam tendo “a mesma ideia”. As agências locais se adaptam e o que era bom apenas para alguns, vira padrão para todos.

A multidão está nos barcos ao lado do nosso e atrás da duna

A multidão está nos barcos ao lado do nosso e atrás da duna

A FOTOGRAFIA DA VIAGEM PRECISA SER PENSADA

 

Na ânsia de registrar tudo daquele lugar incrível, é preciso lembrar que a fotografia envolve técnica e paciência.

TÉCNICA de saber usar os recursos da câmera ou smartphone de forma eficiente (saber fazer) e eficaz (fazer bem feito). No desespero de não perder aquela foto perfeita, é preciso prestar atenção na luz do sol. Na agonia de esconder aquele pessoal todo, é preciso ver o ambiente de forma diferente. Entenda: não é necessário se arriscar para fazer uma boa foto e nem querer correr antes de todo mundo, basta primeiro visualizar todas as possibilidades dentro do que se tem e então clicar. Isso é treino, e não difícil de aprender

PACIÊNCIA de entender que nem sempre dá para escolher o melhor horário e fugir da multidão. Saber esperar até aquela pessoa que está atrapalhando se movimentar. Paciência para entender que a fotografia depende da natureza também. A maré precisa estar boa para navegar, o vento precisa estar favorável para voar, a agência não escolhe se a aurora boreal vai aparecer e a chuva não pede licença para cair. 

São vários os exemplos de lugares extremamente turísticos que não tem mais como evitar a multidão nos melhores horários para fotografar, como Veneza, Paris, Angkor Wat e agora mais do que nunca, Maya Bay em Koh Phi Phi.

A situação em Maya Bay em Koh Phi Phi chegou a um ponto em que as pessoas estão querendo sair antes mesmo do sol nascer e da maré estar boa para navegar. E quando vão cedinho, ainda se sentem frustradas porque outros turistas tiveram a mesma ideia. E o pior ainda: a foto não fica boa, porque tem a sombra das falésias nas água que tira todo o brilho do mar e deixa a foto escura como se fosse noite. Até que ponto isso vale a pena? O charme d`A Praia é água azul turquesa cristalina que brilha e dá para ver o fundo, a areia branca que reluz, e claro, os barcos long tail que entregam que esse paraíso fica na Tailândia.

A multidão está atrás de mim, na continuação da faixa de areia

A multidão está atrás de mim, na continuação da faixa de areia

COMO VIAJAR FORA DO INSTAGRAM 

A solução não é parar de viajar, mas é viajar consciente. Uma viagem não se resume a uma foto. É preciso aproveitar o máximo da experiência independente das redes sociais. Veja esse video. Mais do que fazer fotos iguais a do ídolo do Instagram e aparentar felicidade para ganhar likes, é melhor sentir felicidade. Quando a gente faz as coisas de mente e coração abertos,  a gente vive mais, absorve mais daquilo tudo e consegue compartilhar isso de forma única. Isso é viajar! 

FOTOS COM MULTIDAO E SEM MULTIDAO

Todas as fotos foram feitas com diferença de segundos, apenas usando ângulos diferentes. Não tem Photoshop, só o ângulo que mudou.

MULTIDAO: Fontana di Trevi, Roma

MULTIDAO: Fontana di Trevi, Roma

VAZIO: Fontana di Trevi, Roma

VAZIO: Fontana di Trevi, Roma

MULTIDAO: Punta del Este, Uruguai

MULTIDAO: Punta del Este, Uruguai

VAZIO: Punta del Este, Uruguai

VAZIO: Punta del Este, Uruguai

MULTIDAO: Copenhague

MULTIDAO: Copenhague

VAZIO: Copenhague

VAZIO: Copenhague

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Eduardo e Mônica

Somos Eduardo e Monica e estamos viajando o mundo desde 2014 e trabalhando com fotografia. O blog fala de viagem e fotografia e moramos no Sudeste Asiático, na Tailândia.

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